Turma
difícil? Série diferente? Aluno com deficiência? Especialistas respondem a
essas e outras perguntas comuns antes do encontro com a garotada no início do
ano letivo.
Depois de um bom tempo sem pensar nas questões
relacionadas ao dia a dia da escola, a aproximação do retorno às aulas exige
que o professor comece a se preparar. A rotina é parecida com a de anos
anteriores: comparecer aos encontros pedagógicos, tomar conhecimento das suas
turmas e, em seguida, planejar o ano letivo.
Esse processo todo pode parecer simples, mas não é.
Antes que o ano se inicie, o docente deve investigar os conteúdos mais
relevantes da série em que trabalhará, as necessidades de aprendizagem da turma
e os desafios típicos da faixa etária de seus alunos. Nessa tarefa, vale
recorrer à equipe da própria escola - gestores e colegas professores - e a
outros materiais, como projetos e atividades do acervo da escola.
É normal surgirem dúvidas e problemas durante o planejamento e nas primeiras semanas de aula. Abaixo, respondemos a quatro delas
É normal surgirem dúvidas e problemas durante o planejamento e nas primeiras semanas de aula. Abaixo, respondemos a quatro delas
.Peguei
uma turma considerada difícil por seus colegas. Como me preparo para encarar
esse desafio?
Em primeiro lugar, relativizando
o conceito de difícil. O comportamento dos alunos depende de sua relação com
eles e as impressões sobre a "dificuldade" das turmas são muito
particulares. Não são raras as ocasiões em que classes consideradas difíceis
por um professor se dão bem com outro. "Ao assumir um grupo novo, o
educador não pode carregar preconceitos que surjam a partir de conversas com os
colegas - apesar de essa troca ser importante", explica Adriana Ramos, do
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral das Universidades de Campinas
(Unicamp) e Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).
Nas conversas
com os colegas, procure descobrir quais são especificamente os traços que
tornam essa turma "difícil". Os problemas são relacionados a
indisciplina, ao desempenho nas avaliações ou a qual outro fator? Caso o
problema seja relacionado ao comportamento dos alunos (brigas constantes e
divisão da sala em "panelinhas", por exemplo), planeje atividades que
beneficiem a convivência, privilegiando o trabalho em grupos. Outra estratégia
importante é a separação de um tempo semanal para discutir esses problemas,
como as assembleias de classe.
Desconfio
que minha turma ainda não tenha consolidados alguns conhecimentos de anos anteriores.
O que devo fazer?
Antes de tudo, certifique-se de
sua impressão. Uma avaliação diagnóstica precisa é essencial para que o docente
parta do que as crianças já sabem e não perca tempo voltando ao que eles já
conhecem. Ao notar que a turma - como um todo - não atingiu as expectativas de
aprendizagem de anos anteriores, é importante repensar o planejamento. Os
conteúdos ainda não dominados pela turma devem ser retomados. "Os alunos
não podem deixar de aprender e, se eles não foram assimilados no passado, é
papel do professor que assumiu a turma ensinar", defende Débora Rana,
formadora do Instituto Avisa Lá e coordenadora pedagógica da escola Projeto
Vida, na capital paulista.
Darei
aula em uma série diferente da qual estou acostumado. Como devo me preparar?
Seu planejamento deve ser feito
com ainda mais cuidado. Os primeiros passos são conhecer as expectativas de
aprendizagem para a nova série, entender as características da faixa etária e
se desprender da turma anterior. "O educador também precisa refletir sobre
a maneira como sua experiência em uma série diferente pode ajudá-lo nesse novo
desafio", defende Daniela Panutti, coordenadora pedagógica da Escola Vera
Cruz, na capital paulista. Converse com colegas que já deram aula nessa turma e
os antigos professores da turma que irá assumir. Eles podem lhe fornecer as
informações necessárias para iniciar a esboçar um planejamento, já que conhecem
as expectativas de aprendizagem para aquela série e também o ritmo de
aprendizagem dos alunos.
Sou
novo na escola. Como posso me inteirar?
Conhecer a nova instituição é o
ponto mais importante. O professor novato precisa se informar sobre o perfil
dos alunos, o projeto político-pedagógico e o regimento da instituição, por
exemplo. Os primeiros meses serão de adaptação, em que o docente se desliga
gradativamente da escola anterior. "Nesse momento, é preciso tomar cuidado
para não fazer muitas comparações e querer transformar o novo colégio no
antigo", explica Daniela Panutti. Por outro lado, o olhar estrangeiro pode
ser benéfico para a nova instituição. "O novo docente enxerga aspectos que
quem está acostumado à rotina escolar já não vê", defende a educadora.
Desconfio que um aluno possa ter uma deficiência intelectual. E agora?
É preciso observá-lo mais atentamente, levantando os traços de comportamento
que diferenciam essa criança e a maneira como eles afetam sua aprendizagem.
Com
uma descrição detalhada e objetiva em mãos, deve-se recorrer à equipe gestora,
que dará as orientações mais adequadas. É preciso que se discuta, nesse
momento, quais as necessidades específicas daquele aluno. Há casos em que
apenas um ajuste nas propostas de trabalho do professor já é suficiente para
que ele acompanhe toda a turma. "Em outras situações, é necessário buscar
o apoio da área de saúde e, quando houver um diagnóstico, o atendimento
educacional especializado (AEE) pode ser importante", explica Daniela
Alonso, especialista em Educação Inclusiva.
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